Ao longo dos últimos anos, o mercado de energia brasileiro passou por diversas mudanças que impactaram a formação dos preços e a operação do sistema elétrico. As mudanças que mais influenciaram a precificação de energia no horizonte de curto e médio prazo são associadas a implementações ou ajustes em mecanismos de aversão ao risco dos modelos computacionais.  

Essas alterações são vistas como um risco regulatório existente no setor de comercialização de energia no Brasil, por serem associadas a uma percepção de risco e segurança energética do Operador Nacional do Sistema, o ONS.  

No mercado livre de energia, os preços da eletricidade são influenciados por uma série de fatores interconectados. Entender esses elementos é crucial para compreender como os preços são estabelecidos e como podem variar ao longo do tempo. 

Para empresas que atuam no mercado livre de energia, compreender os principais aspectos da formação de preço de energia elétrica no mercado livre é muito importante e estratégico para uma melhor tomada de decisão nas recontratações de energia.  

Neste texto vamos abordar, de forma simples, sobre o modelo atual — conhecido como NEWAVE híbrido — e os motivos pelos quais ele está no centro de um debate que envolve bilhões de reais e pode impactar até a inflação nacional. 

O que é o modelo NEWAVE?

O modelo NEWAVE é um programa computacional utilizado no planejamento da operação e da expansão do sistema elétrico brasileiro em horizontes de médio e longo prazo. Em uso desde 1998, ele vem passando por constantes aprimoramentos para refletir com maior precisão as condições reais do sistema elétrico nacional. 

Atualmente, é denominado NEWAVE Híbrido. Antes dessa evolução, a modelagem dos reservatórios das usinas hidrelétricas (UHEs) era feita por meio da agregação em Reservatórios Equivalentes de Energia (REEs) — uma abordagem que agrupava as usinas localizadas em uma mesma bacia hidrográfica ou região, considerando diversos aspectos relevantes da operação hidrelétrica. 

Apesar de eficiente, esse método apresentava limitações na representação individual das usinas, deixando de capturar, por exemplo, vertimentos controláveis antes do armazenamento máximo do REE, restrições hidráulicas específicas em operações em cascata e a valoração individual da água em cada reservatório. 

A principal inovação do NEWAVE Híbrido é justamente a possibilidade de representar as UHEs de forma individualizada, seja em parte ou em todo o horizonte de planejamento. Essa modelagem mais detalhada proporciona uma visão mais realista e precisa para a tomada de decisão operacional. 

Além de subsidiar o planejamento da operação do sistema elétrico, o NEWAVE também é responsável pela formação do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) — valor de referência das transações no mercado de curto prazo. Assim, o modelo exerce impacto direto sobre os contratos do mercado livre e, consequentemente, sobre o custo de energia para as empresas. 

Parâmetros de cálculo para a precificação de energia

Conditional Value at Risk (CVaR)

Um dos principais parâmetros usados nesses modelos é o Valor Condicional em Risco (CVaR, na sigla em inglês). Em termos simples, ele representa o grau de cautela adotado pelo Operador do sistema ao considerar cenários extremos — como períodos de seca prolongada. 

Quanto maior o CVaR, mais conservador é o modelo. Isso significa que o sistema pode acionar usinas térmicas (mais caras) mesmo quando há água suficiente nos reservatórios. O objetivo é garantir segurança energética, mas o efeito colateral é o aumento do custo da energia. 

Este ano, o governo decidiu manter o CVaR em níveis elevados para 2026, mesmo com reservatórios acima de 65%. A decisão pode ter custo adicional de até R$ 9,1 bilhões para os consumidores, segundo apontam diversos agentes que atuam no setor. 

Volume Mínimo Operativo (VMinOp)

Outro parâmetro importante é o Volume Mínimo Operativo (VMinOp), que define o nível mínimo de água que deve ser mantido nos reservatórios de cada região. Em 2025, esse volume foi elevado para várias regiões, como o Norte (de 19,1% para 28%). 

A mudança também contribui para uma operação mais conservadora, com maior acionamento de térmicas e, consequentemente, preços mais altos. 

O impacto desse modelo de precificação nos negócios

Essas decisões técnicas têm efeitos práticos e financeiros para os negócios. Um modelo mais conservador pode significar:

  • Aumento da conta de energia
  • Maior incidência de bandeiras tarifárias
  • Redução da competitividade industrial
  • Pressão inflacionária nos custos operacionais

Segundo projeções da consultoria Thymos Energia, o modelo atual pode ser responsável por até um quarto da inflação em determinados períodos.

Por que acompanhar esse assunto é importante

A precificação da energia no Brasil é complexa, mas seus impactos são reais e imediatos. Modelos como o NEWAVE híbrido, parâmetros como o CVaR e o VMinOp, e decisões tomadas por órgãos técnicos influenciam diretamente o valor pago pela energia.

Mesmo que empresas não tenham envolvimento direto nas decisões regulatórias, os efeitos são sentidos no dia a dia. Compreender como funciona a precificação de energia é essencial para:

  • Planejar melhor os custos operacionais
  • Negociar contratos mais vantajosos no mercado livre
  • Participar de forma mais ativa nas discussões do setor

Acompanhar essas discussões é uma forma de proteger os negócios e contribuir para um setor mais eficiente e justo.

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