Em um mercado tão dinâmico quanto o de energia, entender os conceitos-chave que determinam os custos é essencial para qualquer empresário. Um desses conceitos é a ENA (Energia Natural Afluente), que influencia a formulação de preços no mercado energético, principalmente em países com uma considerável porcentagem de geração hídrica na matriz, como o Brasil. 

A ENA é um indicador crítico na tomada de decisão estratégica das empresas que operam ou consideram operar no mercado livre de energia. Essa variabilidade implica diretamente na disponibilidade de energia no mercado e, consequentemente, na flutuação dos preços.  

Estudos realizados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) revelam que as variações sazonais na ENA podem levar a alterações significativas na ordem de 10% a 20% nos custos de energia para os consumidores finais em mercados altamente dependentes de geração hidrelétrica. Este artigo busca desmistificar esse termo e mostrar como ele afeta diretamente os custos de energia. 

O que é ENA? 

ENA (Energia Natural Afluente) se refere ao volume de água que flui naturalmente para os reservatórios das hidrelétricas e que pode ser convertido em energia elétrica. É um termo técnico fundamental para entender o potencial energético que o país pode gerar de suas fontes hídricas. 

Medição e importância 

A ENA é medida em megawatts médios e varia segundo as condições climáticas, sendo diretamente influenciada por chuvas e fluxos dos rios. Para as hidrelétricas e, por extensão, para o mercado de energia, entender a ENA é crucial, pois indica quanta energia será possível gerar. Além disso, a medição diária por bacia hidro energética permite uma gestão mais eficiente dos reservatórios, importante durante períodos de seca ou excesso de chuvas.  

Águas de rio bravo representando a ENA
A ENA é diretamente influenciada por chuvas e fluxos dos rios

Relação com o potencial energético 

A capacidade de geração de energia do país depende significativamente dessa variável natural, tornando a ENA um indicador essencial para a gestão de recursos energéticos. Por exemplo, os dados diários expressos em médias móveis mensais podem mostrar variações sazonais que afetam diretamente a oferta e a regularidade do abastecimento elétrico no Brasil.  

Impacto da ENA nos preços de energia 

As variações na ENA têm impacto direto nos preços de energia. Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) apontam para uma correlação direta entre os períodos de baixa ENA e o aumento na utilização de fontes de energia mais onerosas, como termelétricas, que, por sua vez, elevam os custos para consumidores e empresas. 

Uma ENA alta significa maior disponibilidade de energia hidrelétrica, o que geralmente leva a uma redução nos preços. Durante o período de 2022-2023, no Brasil, períodos de alta ENA contribuíram para a diminuição do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), influenciando positivamente o mercado de energia. 

Por outro lado, uma ENA baixa alerta sobre a escassez de recursos hídricos, aumentando os preços devido à menor oferta. Um exemplo disso foi a crise hídrica de 2021, resultado da maior seca em 91 anos e com impactos significativos no dia a dia da população, além de suscitar preocupações quanto à possibilidade de racionamento de energia elétrica. 

Risco hidrológico (GSF) 

O termo ‘risco hidrológico’ ou GSF (Fator de ajuste do MRE) é frequentemente associado à ENA. O GSF mede a relação entre a energia gerada pelos agentes participantes do Mecanismo de Realocação de Energia (MRE) e a energia garantida aos mesmos. Valores de GSF inferiores a 100% indicam que a geração foi inferior à garantia, refletindo um risco hidrológico. Se a ENA é menor que o esperado, o GSF tende a reduzir, o que implica o aumento de custos por redução na geração hidráulica.  

A ENA e o mercado livre de energia 

Mercado Livre vs. Mercado Cativo 

No mercado livre de energia (Ambiente de Contratação Livre – ACL), as empresas têm a liberdade de escolher seus fornecedores de energia, negociar preços, duração dos contratos, entre outros aspectos. Este cenário contrasta com o mercado cativo (Ambiente de Contratação Regulada – ACR), onde consumidores, compram energia por meio de distribuidoras locais com tarifas reguladas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).  

Vantagens do conhecimento da ENA 

Empresas que participam do mercado livre e possuem um entendimento sobre as variações da ENA estão em melhor posição para negociar contratos de energia. O conhecimento sobre períodos de alta e baixa ENA pode influenciar a decisão sobre quando comprar ou vender energia, permitindo às empresas otimizarem custos e mitigarem riscos. Estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) indicam que a análise criteriosa da ENA pode resultar em economias significativas para grandes consumidores de energia. 

Por meio do monitoramento da ENA, as empresas do mercado livre podem, portanto, adotar estratégias mais sofisticadas, visando à maximização de lucros e à minimização de custos, se colocando em uma posição mais competitiva no setor energético. 

Fios e torre de eletricidade com pôr do sol laranja no fundo
Entender a ENA fornece vantagem para empresas que participam do mercado livre negociarem melhores condições nos contratos de energia

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